Meu coração de criança Me levou a lugares sombrios. Me fez perder em desertos, acreditar em miragens e cair em abismos.
Meu coração de criança só procurava abrigo mas permanece em abandono , procurava a verdade e foi confundido por mentiras, procurava um lar e viveu sozinho, procurou a paz e achou vazios, sangrando feridas abertas sem cuidado, sem remédio...
Minha pobre criança ...ela agoniza. Não há quem a possa resgatar, porque não há quem a queira, não há quem a reconheça ou quem sabe talvez ninguém de fato a enxergue. Sinto ela soltar minhas mãos como quem desfalece de cansaço, como quem não quer se despedir mas não encontra mais sentido para ficar... Momento de aceitar a verdade inexorável e lancinante do luto que não se quer viver, que não é justo mas é inevitável como uma verdade que não há como contestar.
Ao que sobrar de mim ficará a certeza de continuar, sem tanta esperança, sem tanta fé na vida, sem muitos sorrisos, mas honrando a memória da criança que até outro dia viveu em mim, guardando na alma as lições que ela me ensinou e a ternura que outras crianças hão de precisar nos desertos do caminho.