Sou filha da lua,
Herdei sua sina
De ter minha existência
Desenhada por luz e sombra.
Flutuo no espaço e no tempo
Que passa e deixa marcas,
Apaga outras,
Muda a sombra de lugar...
E a cada instante
Sou o claro e o escuro,
A alegria e o medo,
O prazer e a dor,
Força e culpa,
Fé e amargura,
Certeza e desatino.
Descubro-me tantas...
A cada lua
Todas as luas estão em mim,
Todas se mostram
No giro contínuo
Da minha órbita imprecisa.
Sou filha da lua,
Uma pequena partícula de luz e sombra.
Quisera fosse como ela, invulnerável,
Quisera tivesse herdado sua eternidade.
Porém, sendo eu dona de um corpo mortal e uma alma inquieta
Quero ser lembrada pela luz que refleti
E ser perdoada
Pela sombra que causei.
Tal qual minha mãe luminosa que se vai ao amanhecer
Mas deixa sua marca
Na alma dos poetas,
Quero deixar de herança quando me for
A minha poesia
Ecoando para sempre
No coração dos homens que amam,
Que sonham,
Que buscam com todo o fervor
Encontrar a luz implícita
No universo profundo e obscuro
De todos nós.
Escrito em 31/08/2007
