Karla Coelho
A manhã chega, e ao despertar,
Antes mesmo de ter tempo para me lembrar de quem sou,
Meu filhinho chora e me lembra wue sou mãe...
Lembro-me também que está na hora de vestir meu uniforme de trabalho,
Mil atribuições esperam por mim.
Pausa para o cafezinho? Nem pensar...
Há tantas causas pelas quais lutar,
Bandeiras a defender,
Portanto, apresso-me
E visto as roupagens da militância.
Ao anoitecer, já cansada, exaurida,
Alguém me lembra que não posso fraquejar.
Há quem precise da minha força,
Tenho o dever de resistir.
Pela madrugada adormeço
E então, só então me é dado o direito
De me lembrar de mim.
Então sonho...
Sonho que me dispo de tudo,
De todas as roupagens, de todos os papéis
E danço, sob a luz de um sol de verão
À beira-mar
Apenas para me fazer feliz.
A criança solitária, esquecida por detrás de tantas máscaras
Agora se permite todas as alegrias.
O sol a aquece, o vento a embala,
O mar canta para ela,
E quando se dá conta
Todos a quem ama estão ao seu redor, sem nada pedir.
A alegria de cada um está tão-somente em ver
O sorriso e o brilho no olhar daquela menina
Que eles enfim conseguem enxergar.
Um ruído me faz despertar
De todo o encantamento:
O despertador me faz lembrar
Que está na hora de recomeçar o baile de máscaras...
E a triste criança travestida levanta-se
Para enfrentar mais um dia.
Escrito em 2005.

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