Marcas
Karla Coelho
Eu tenho a te oferecer apenas meu corpo
Marcado com as marcas que o tempo deixou.
Com traços desenhados no canto dos lábios,
Denunciando cada sorriso que eu ofereci pelo caminho,
E um sulco entre as sobrancelhas
Lembrando-me dos temores que me assaltaram os dias
E me fizeram varar noites sem dormir.
O ventre com as marcas de quem gerou outra vida
Gerada da entrega que se fez por amor,
Amor que um dia eu amei.
As mãos machucadas
De quem já deu murro em ponta de faca,
De quem não teve medo da luta
E lutou desarmada.
Os olhos que viram muito,
Choraram muito
E por vezes não quiseram crer no que viram
Mas ainda buscam por possíveis belezas,
E ainda esperam encontrar seu reflexo em outros olhos
Ávidos de amor.
Guardada neste corpo que eu te ofereço,
Vive uma alma que teimou em querer não envelhecer,
Carregada de sonhos que eu insisti em guardar
Prá talvez usufruir num futuro
Quiçá próximo e sempre tão distante
De onde estou.
Uma alma de mulher
Que se oferece ao teu querer
Apaixonadamente,
Kamikaze como toda paixão nos insufla a ser,
E se expõe ao teu amor ou à tua indiferença,
Pressente tua presença, deseja tua pele morna
Aquecendo o meu frio de muitos invernos...
Este corpo e esta alma
Querem guardar em si uma marca tua,
E deixar em ti a sua marca também
Para um dia, depois de toda a espera,
Eu poder talvez (e que bom seria...)
Encontrar ao te fitar, a minha imagem refletida
No fundo dos teus olhos brilhando,
Ávidos do meu amor...
*****
escrito em 09/10/07

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